- "Aqui em Vila Real de Santo António foi feita, a partir do zero, uma cidade nova, de raiz, no período de dois anos, por ordem e intervenção directa do Marquês de Pombal", explicou Nuno Grancho, arquitecto da empresa municipal Sociedade de Reabilitação Urbana.
Praça Marques de Pombal
O Terramoto de 1 de Novembro de 1755 atingiu todo o sul de Portugal assim como também outras zonas do país, mas o Algarve sofreu uma destruição generalizada. Pela destruição causada estima-se que o sismo atingiu 9 graus na escala Richter.
Cacela ficou muito danificada, tendo sido reconstruída ainda no séc. XVIII, quando surgiu a actual fortaleza. A população foi abandonando a vila e deslocando-se para cerca de 1km de distância. Junto à estrada para Vila Real de Santo António e à actual linha de caminho de ferro, cresceu Vila Nova de Cacela ou Cacela como hoje se chama, denominando-se a antiga vila de Cacela, junto ao mar, Cacela-a-Velha.
Forte De Cacela Velha
Também Castro Marim sofreu grande abalo, tendo sido destruído grande parte do seu património arquitectónico, por isso deixaram de ser utilizadas as habitações no interior da Muralha. A vila cresceu, no entanto, não conseguiu recuperar a importância de séculos passados, agravada pelo nascimento de Vila Real de Santo António.
Vila Real de Santo António surge no reinado de D. José I (1750 – 1777), quando o 1º ministro Marquês de Pombal promove, no 3º quartel do séc. XVIII, uma autêntica reforma na economia algarvia. Depressa se apercebeu que teriam que ser tomadas medidas urgentes na região, por um lado para evitar que os espanhóis se “apoderassem” da economia da zona e para aproveitar os abundantes recursos em peixe, principalmente sardinha, que era abundante na Baia de Monte Gordo.
Planta de Vila Real de Santo António
Foi então que o marquês de Pombal decidiu mandar construir uma vila que traduzisse a afirmação estratégica, por forma a controlar o comércio na fronteira e desenvolver as pescas que, mais tarde, fariam surgir a indústria conserveira. Vila Real de Santo António acabaria por ser construída em menos de dois anos sobre o areal junto à foz do Guadiana e fundada em 1774. O traçado geométrico do urbanismo pombalino que fez nascer a cidade constitui, hoje, um exemplo único do “Iluminismo em Portugal”.
A nova vila passou a depender da pesca do atum, pois a sua situação geográfica e o seu porto trazia a Vila Real de Santo António uma situação privilegiada, que podia receber barcos de maior calibre, começando a atrair uma grande frota de barcos de pesca e de transporte. Seguiu-se a instalação de várias fábricas de conservas e ao atum veio juntar-se a sardinha.
Pesca do Atum no Algarve
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